terça-feira, 21 de abril de 2015

Brinquedos e Brincadeiras de Creches MANUAL DE ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Este manual tem a finalidade de orientar a seleção, a organização e o uso de brinquedos e brincadeiras nas creches destinadas especialmente a crianças com idade entre 0 e 3 anos e 11 meses, com base nas recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (MEC, 2009). Embora o universo de crianças com idade até 5 anos e 11 meses também seja objeto de atenção, a prioridade está sendo dada à educação das crianças menores que, historicamente, foram excluídas  do sistema público de educação.
 A introdução de brinquedos e brincadeiras na creche depende de condições prévias:
 1. Aceitação do brincar como um direito da criança;
 2. Compreensão da importância do brincar para a criança, vista como um ser que    precisa de atenção, carinho, que tem iniciativas, saberes, interesses e necessidades;
 3. Criação de ambientes educativos especialmente planejados, que ofereçam oportunidades de qualidade para brincadeiras e interações;
4. Desenvolvimento da dimensão brincalhona da professora.

Tais condições requerem o detalhamento de aspectos que emergem na prática pedagógica:
 Quais brinquedos selecionar e adquirir?
Em que quantidade?
Há certeza sobre sua qualidade?
 Como utilizá-los?
Como modificar e recriar o espaço físico para introduzir novos mobiliários, materiais e brinquedos?
Os interesses e necessidades das crianças de diferentes segmentos étnicos, sociais e culturais estão sendo contemplados?
Como é possível utilizar um conjunto de brincadeiras que seja, ao mesmo tempo, adequado individualmente e, também, a todo o agrupamento de crianças ?
Como acompanhar e avaliar o trabalho pedagógico em conjunto com a família?
A creche oferece às crianças e a suas famílias o melhor em termos de serviços e materiais para a sua educação?
 A creche tem uma proposta curricular em que o brincar e a interação sejam contemplados?


domingo, 19 de abril de 2015

INTRODUÇÃO A EDUCAÇÃO INFANTIL

A importância do ato de brincar na Educação Infantil

O brincar é uma importante forma de expressão que a criança possui para se comunicar, reconhecer e reproduzir seu cotidiano, além de proporcionar o conhecimento de si mesmo e do outro, cooperando assim como ferramenta de interação social.

A brincadeira possibilita a criança aprender e se desenvolver de maneira prazerosa e lúdica.  Desenvolvimento este que acontece em diversos âmbitos: social, físico, emocional e cognitivo.

Neste sentido, Kishimoto (2010, p.1) nos afirma que o brincar deve ser uma ação livre da criança, iniciada e conduzida por ela. Ação esta que dar prazer, não exige como condição um produto final, envolve, relaxa, como também proporciona o desenvolvimento de habilidades, linguagens, ensina regras e insere a criança no mundo imaginário.

Em contato com os brinquedos a criança cria vínculos e pode construir diversas relações que vão da posse à perda, bem como do compartilhar com o outro. Refletindo assim sobre si mesma e como funcionam e acontecem as ações relacionadas com o mundo social e físico do qual ela faz parte. Por meio dessas experiências a criança tem a oportunidade de criar e estabelecer regras em um convívio social que a seguirão ao longo de sua vida. Esses objetos têm papel fundamental no desenvolvimento infantil, sendo estes suportes da brincadeira e que estão sujeitos a serem sempre resignificados.

Kishimoto (2010, p.2) ainda nos chama a atenção de selecionamos e disponibilizarmos para os pequenos brinquedos de qualidade e diversificados.  Exemplares que sejam atraentes, seguros, duráveis e que não abram espaços para preconceitos de classe social, gênero e etnia e que estimulem a violência. É indispensável às crianças o conhecimento do mundo desses objetos, com diferentes formas, espessuras, cores, tamanhos, proporcionando experiências que contribuíram para o seu desenvolvimento.

É ainda indispensável ressaltar a importância da articulação do brincar e as interações entre a criança e seus pares, sejam eles da mesma faixa etária ou não, garantindo a invenção, recriação e preservação do repertório lúdico infantil.

Nesta perspectiva, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), em seu artigo 9º, reafirmam a importância da brincadeira como um dos eixos norteadores das práticas pedagógicas nas instituições de Educação Infantil, tendo atrelada a esta às interações. Não podendo conceber o brincar sem as interações.

Sendo a brincadeira uma das formas iniciais e fundamentais de interação, desenvolvimento e conhecimento de mundo que a criança possui. Torna-se imprescindível que os profissionais da educação que atuam nas instituições da educação infantil, tenham como elemento essencial a incorporação das brincadeiras em suas ações diárias. Concebendo o ato de brincar eixo significativo a ser considerado no processo formativo da criança. 











Referências:

KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em Movimento- Perspectivas Atuais. Belo Horizonte: Ministério da Educação, 2010.

BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Práticas cotidianas na educação infantil:bases para a reflexão sobre as orientações curriculares. Relatório de pesquisa MEC-UFRGS. Brasília, 2009.

BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, 2009.
 

RESENHA – POR AMOR E POR FORÇA: ROTINAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL MARIA CARMEM SILVEIRA BARBOSA

Escrito por Maria Carmem Silveira Barbosa, este livro com 240 páginas, editado pela Editora Armed, Porto Alegre, em 2006 e reimpresso em 2007, foi escrito a partir da tese de doutorado que a autora defendeu, na Unicamp, em 2000.

Nele Maria Carmem estuda a rotina na Educação Infantil, desde sua vertente histórica à vinculação autobiográfica que o tema tem com a autora. Assim ela inicia o livro contando-nos, já na apresentação, como desde criança, sentia uma curiosidade de descobrir como a rotina influenciava a vida das pessoas, em especial, das crianças.

A autora do livro nos relata como, a partir de 1970, os governos aumentavam os investimentos em creches e pré-escolas, demanda de diversos movimentos sociais, à época. Vários projetos para a educação de crianças pequenas (0 a 6 anos) foram desenvolvidos com ações que envolviam vários Ministérios e a L.B.A.(Legião Brasileira de Assistência)

De acordo com Maria Carmem, é a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/1996)-LDB- que regulamenta o tipo de instituição com a faixa etária das crianças pequenas. Esta padronização define também qual proposta de trabalho será adotada por esta ou por aquela instituição.

Então a Creche é a instituição que atende as crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola atende as crianças de 4 a 6 anos.

Outro avanço, no que se refere aos direitos das crianças foi a promulgação da Constituição Federal, em 1988, onde as crianças e jovens são considerados sujeitos de direitos. Ali também se assegura o direito de meninos e meninas à educação gratuita de 0 a 6 anos, em creches e pré-escolas. Outro fator importante para atender as necessidades da sociedade, no que tange a educação de crianças pequenas, foi, opina a autora, a inclusão da educação infantil na L.D.B., como secção autônoma.

No entanto o mesmo governo que apoiou a aprovação da Lei, criou politicas que não favoreciam a qualificação da educação infantil, a secundarizando nos investimentos das verbas públicas. A ausência da Educação Infantil na distribuição das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) era citada como exemplo. Felizmente, hoje, a Educação Infantil já está incluída como parte integrante da Educação Básica, no Brasil, recebendo verbas do citado Fundo.

Outro destaque de Maria Carmem, que demonstra que se criava uma nova concepção a respeito dos direitos das crianças, foi a transferência da responsabilidade pelo atendimento das crianças de 0 a 6 anos das áreas da saúde e assistência social para a educacional

As publicações e pesquisas, n o campo acadêmico, também contribuíram para a melhoria do atendimento às crianças de 0 a 6 anos, no Brasil.

Neste ponto, Maria Carmem cita vários autores que desde o final do século XIV e inicio do século XX discutem a ciência e os caminhos que esta vem tomando neste período, chamado de modernidade. E uma dos ramos a se produzir cientificamente, mais complexos, é a pedagogia.

A autora, apesar de se cercar de todos os cuidados, que classificar este estudo como pedagogia da educação infantil é extremamente necessário.

Pedagogia da Educação Infantil tem como centro teórico a educação das crianças pequenas e diferem das do ensino fundamental, que se baseiam no ensino e na sala de aula. Na educação infantil estas pedagogias são constituídas de relações educativas entre crianças-crianças-adultos.

Feito este apanhado histórico sobre a educação infantil e suas pedagogias peculiares, Maria Carmem, nos fala de como ela pretendia contribuir para o campo das pesquisas da pedagogia da educação infantil: provocando, com este Livro, reflexões e questionamentos sobre as rotinas, em especial, as da Educação Infantil.

Mas, o que são mesmo rotinas?

Nas palavras da autora, “rotina é uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação infantil, estruturaram para, a partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano, nas instituições que atendem esta faixa etária”. E recebe várias denominações: horário, emprego de tempo, plano diário, jornada, etc.

Em todos os livros pesquisados pela autora, sobre creches e/ou pré-escolas, foi encontrada “as rotinas”. Elas têm grande destaque, sendo capítulos de Livros, fascículos de publicações, tema de formação de professores, etc.

Em seu Livro, é salientado que há diferenças entre cotidiano e rotina, apesar de inicialmente serem usados como sinônimos. Define-se rotinas como produtos culturais criados com objetivo de organizar a cotidianidade.

Após algumas considerações sobre a origem e o significado linguístico de rotina, a nossa autora nos faz uma pergunta:

Por que rotinas? E responde: porque sim. Isto é, não importa e ninguém irá descobrir o significado único desta palavra, mas, fato é que as rotinas são necessárias para estruturarem a organização das instituições e normatizar a subjetividade das crianças e dos adultos que frequentam espaços coletivos. No caso da educação infantil este papel é cumprido pela rotina pedagógica.

Antes de entrar nas considerações sobre a utilização e utilidade das rotinas, a autora procura historiar o surgimento das rotinas em diferentes campos sociais.

Esta história começa no século IV, quando, com o crescimento do cristianismo no ocidente, a Igreja Católica Apostólica Romana, impôs rigorosa disciplina eclesiástica para controlar seus fiéis.

Na Idade Média, as instituições religiosas precisavam de ordem e previsibilidade. A rotina se tornou imprescindível.

A partir de 1539, Inácio de Loiola pensou em como rotinizar o coletivo, as relações hierárquicas, as obrigações e a vida em grupo. Criou as Constituições. 

Durante a Reforma, trouxeram a vida dos monastérios para a vida cotidiana da população, nas famílias.

Pode-se afirmar, segundo Maria Carmem, que o mundo das religiões cristãs fundamentou as rotinas utilizadas nas creches e pré-escolas.

Então as rotinas tiveram, através dos tempos, variados “motivos” para serem aplicadas, desde o controle do corpo através das rotinas de higienização até o controle do corpo e do espírito, através das rotinas das fábricas, sob a justificativa de que o Brasil e o mundo tinham que rotinizar de forma rígida o trabalho para, assim, alcançar o progresso. Esta justificativa serviu para se introduzir a rotina nas escolas. 

A autora explica como e porque é institucionalizada e rotinizada a educação na infância, mostrando que ela se modificou, atingindo um caráter mais ou menos rígido, à medida que se formava a concepção de infância na sociedade ocidental moderna.

Neste particular, são importantes na construção das rotinas na educação, principalmente para as instituições que cuidavam de crianças menores, as condições sociais e econômicas dos países, os papéis sociais desempenhados por homens e mulheres e as concepções de infância.

Maria Carmem esmiúça, nos próximos capítulos, todas as teses sobre estas variáveis, para chegar à teorização da rotina na educação infantil como categoria pedagógica. Este tópico, claro está, mereceu uma atenção maior da autora do livro, que percorreu desde a história dos caminhos que a rotina percorreu para, como categoria pedagógica, para ser transferida do campo social apara o educacional até a padronização desta rotina.

Ela, a autora, definiu elementos que devem ser considerados para a formulação de rotinas, principalmente no caso da educação infantil. São eles: a organização do ambiente; o uso do tempo; a seleção e as propostas de atividades; a seleção e a oferta de materiais.

A partir daí, Maria Carmem discorre sobre cada um destes elementos, para, no final, concluir que os objetivos iniciais do livro foram alcançados mas em virtude disto outras indagações foram formuladas, tais como: qual é a real função das rotinas, quais as possibilidades de flexibilização das rotinas enquanto ferramenta pedagógica, esta flexibilização depende de que e de quem. Questões que merecem atenção e pesquisa, em especial, dos docentes que atuam com as crianças pequenas, para entenderem e sobretudo, melhorarem a aplicação das rotinas em sua docência.

Eu, tenho opinião que, para se possibilitar uma boa relação com as rotinas, os professores tem que iniciar sua pratica com três pontos: conhecimento e dar conhecimento; organização e planejamento.

E sugiro que usem, como ponto de partida, a leitura deste excelente livro: Por amor e por força: Rotinas na Educação Infantil, de Maria Carmem Silveira Barbosa.