Um dos livros mais aguardados do ano por leitores da
literatura Marginal, e o livro do Cantor e compositor Carlos Eduardo Taddeo é
filho de uma faxineira que teve quatro filhos em dois casamentos. Seu pai,
descendente de italianos e empresários da noite, era casado com outra mulher
oficial, mas dava assistência. Ele me mostrou meia dúzia de fotos da festa de
seu primeiro aniversário. Houve bolo, mesa de doces e refrigerantes, servidos
para pessoas alegres, que vestiam roupas de festa. O pai, de terno branco,
o carrega no colo, ao lado da mãe. A casa alugada da foto era no Glicério,
bairro antigo e popular do centro de São Paulo, conhecido pelos cortiços e pela
pobreza. O rapper conta que as dificuldades se agravaram com oafastamento
gradativo do pai. A mãe e os quatro filhos moraram em pensões, com banheiros
coletivos. Aposentada por invalidez, com o mal de Chagas, conta o filho,
“às vezes ela pedia esmola ou cesta básica na igreja”.
O líder do Facção estudou em escola pública até a
quinta série do ensino fundamental. Era tímido e, míope, tinha vergonha de usar
óculos. Usava tênis velhos e roupas surradas. Em casa, a comida era sempre
menos do que ele queria. “Às vezes, só tinha arroz e o feijão era aquela água”,
lembra. Ajudava a mãe pegando frutas e legumes nos fins de feira. Ganhava um
troco tomando conta de carros. Na rua, assistia a cenas do crime: tráfico,
furtos, roubos, prisões, violência. “