Em sua introdução, as autoras enfatizam a
importância de se lutar por uma educação infantil de qualidade e humanizadora.
Ressalta a defesa da indissociabilidade entre o cuidar e o educar que
deve caracterizar as ações escolares voltadas para este nível de ensino.
Tendo essa premissa as autoras propõe discutir
aspectos que julgam ser essenciais e que devem ser considerados e revistos para
que as ações educativas na educação infantil, sejam sistematizadas e
garantam, um processo emancipatório para as crianças.
Abordando alguns aspectos das ações escolares
entre crianças de 0 à 5 anos de idade como:
- A rotina do cotidiano das práticas educativas
- A organização dos espaços
- A presença do brincar como eixo do trabalho educativo-pedagógico
As autoras falam da importância deste trabalho
estar orientado por PROJETOS, pois eles interferem positivamente sobre o
desenvolvimento infantil.
Buscando discursar a respeito do tema o texto foi
estruturado em quatro partes: a rotina, o espaço físico, a importância do
brincar e o trabalho com projetos.
ROTINA – deve ser modificada e revista constantemente para tomar as ações
cotidianas, ou seja, pensar numa organização da rotina que
contemple este objetivo significa pensar em estratégias diferenciadas para se
planejar o momento de recepção e de saída das crianças, os diversos
momentos de refeição e higiene pessoal, a organização dos espaços físicos, os
momentos de parque e de sono, assim como em todas as outras atividades que de
uma forma ou de outra acabam se sedimentando na educação infantil, prevalecendo
a ideia de que é natural ocorrerem da mesma forma sempre.
Significa que, devemos possibilitar novas situações
que desestabilizem as crianças, levando-as a refletir sobre suas ações, de modo
que a rotina proposta esteja vinculada com todos os objetivos pedagógicos e
seja constantemente avaliada e reestruturada quando houver necessidade.
A rotina deve ser propiciadora de ações que
permitam às crianças serem ativas e questionadoras diante de diferentes
práticas propostas pela instituição escolar a fim de desenvolver variadas
habilidades.
Deverá ser desafiadora, contudo ela representa
também uma segurança em termos de acontecimentos. A previsibilidade
tranquiliza os pequenos ao mesmo tempo em que os encaminha para as atividades
cotidianas. Isto não quer dizer que tudo deva acontecer da mesma forma todos os
dias ou na mesma sequência, e sim, que uma certa organização para s
práticas permite um melhor aproveitamento das atividades propostas.
ESPAÇO FÍSICO – Pensar nos espaço para crianças de 0 a 5 anos é preciso levar em
conta toda a gama de necessidades e peculiaridades que envolvam o
trabalho com crianças pequenas. Neste sentido, ele deve ser acolhedor,
desafiador, criativo, instigante e, ao mesmo tempo, seguro.
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR - A relação entre o brincar e desenvolvimento infantil, dada
sua importância, já foi amplamente indicada e discutida por uma série de
teóricos, tanto da área da psicologia como da pedagogia.
Pelo brincar, nos primeiros anos de vida, a criança
estabelece relações com o mundo e com as pessoas que a cercam. Ao brincar, tem
a possibilidade de representar o mundo real e se apropriar dele, interagindo
com outras crianças e adultos, construindo hipóteses, respeitando regras e,
dessa forma, construindo-se enquanto sujeito. Há de se considerar que as
crianças de diferentes classes sociais estabelecem relações diferenciadas com o
brincar, ou seja, as brincadeiras variam de acordo com a classe social, o
contexto, a cultura, os objetos e os espaços disponíveis.
Na instituição de educação infantil torna-se
necessário que os espaços e as atividades estejam direcionados para a
valorização do brincar, pois quanto mais ricas forem as experiências oferecidas
mais interessante e enriquecido será o brincar. (CARNEIRO, 2010).
Ao exercitar a criatividade, a imaginação e
promover a socialização, as brincadeiras são um excelente recurso de
aprendizagem e desenvolvimento e devem fazer parte da rotina nas atividades da
educação infantil. Para tanto é importante que os profissionais que
trabalham com as crianças ofereçam um ambiente rico em estímulos e também
desafiem as crianças com atividades que envolvam o brincar.
O TRABALHO COM PROJETOS
Reconhecido como um modo de organizar as práticas representa
uma ação intencional, planejada e com alto valor educativo. Neste sentido, os
projetos envolvem estudo, pesquisa, busca de informações, exercício de crítica,
dúvida, argumentação, reflexão coletiva, devendo ser elaborados e executados
com as crianças e não para as crianças.
Barbosa e Horn (2008) indicam algumas dimensões que
fazem parte do trabalho com projetos: aqueles organizados pela escola para
serem realizados com as famílias, as crianças e os professores; o Projeto
Político Pedagógico da escola; aqueles organizados pelos professores para serem
trabalhados com as crianças e as famílias e, principalmente aqueles propostos
pelas próprias crianças.
Neste sentido é importante estar atento para as
necessidades e interesses do grupo e assim, propor temas e pesquisas que
envolvam o interesse das crianças e com isso motivem nas a participar
ativamente das atividades. O professor pode, ele mesmo, a partir de uma
necessidade identificada no grupo com o qual trabalha, apresentar um projeto a
ser trabalhado e explorado pelo grupo. Além disso, os professores precisam
também levar em conta os interesses declarados pelo grupo, as dúvidas apontadas
sobre determinado assunto, os questionamentos, o que indica o nível de
curiosidade das crianças e assim o tema que pode ser trabalhado em um projeto.
Os projetos não tem uma durabilidade fixa, podendo
durar dias, meses ou até um ano. Tudo vai depender do plano de trabalho
organizado, o que poderá demandar mais ou menos tempo de envolvimento do grupo.
De acordo com Barbosa e Horn (2008) são três os
momentos decisivos na elaboração e concretização de um projeto pedagógico na
educação infantil, sempre a partir de um trabalho conjunto dos professores com
as crianças. Inicialmente a definição do problema, seja a partir de uma fato
inusitado e instigante, de um relato de um colega ou de uma curiosidade
manifestada por uma criança ou pelo grupo de crianças. Definindo-se o problema
parte-se para o segundo passo, que envolve o planejamento do trabalho e a
concretização do projeto. Neste momento acontece o levantamento de propostas de
trabalho – indicadas pelas crianças e também propostas pelo professor e a
divisão de tarefas – O que precisa ser feito? Como o trabalho pode ser
desenvolvido? Como obter o material necessário? Feito isso se inicia a coleta,
organização e registro das informações. Professores e crianças buscam
informações em diferentes fontes previamente definidas e acordadas: conversas,
entrevistas, passeios, visitas, observações, exploração de materiais,
experiências concretas, pesquisas bibliográficas, uso dos diferentes espaços da
instituição. Como último passo, no trabalho com projetos, de acordo com as
autoras, tem-se a avaliação e a comunicação, que envolvem a sistematização e a
reflexão sobre as informações coletadas e produzidas como também a documentação
e exposição dos “achados”.
A partir deste percurso percebemos o quanto é
importante trabalhar com projetos na educação infantil, uma vez que ao
desenvolvê-los professores e crianças encontram-se envolvidos pela temática e
podem aprender muito com o encaminhamento das atividades e sua consecução.
Assim é necessário que se planeje previamente
as atividades que serão desenvolvidas, para que não se perca de vista os
objetivos a serem alcançados, de modo que a prática pedagógica tenha sequencia
e permita que a criança atinja determinadas metas e, então desenvolva mais
habilidades linguísticas, motoras e emocionais.
Segundo Oliveira (2005, p.236):
“Na verdade, a elaboração de uma
sequencia de atividades relativas a um eixo temático que se projeta no tempo e
constitui o mote principal da ação permite à criança integrar sua experiência
com diferentes propostas. Isso pode ser feito, por representar um objeto
associado a uma história lida pelo professor com um conjunto de peças para
serem encaixadas, desenhar depois o que foi representado e, finalmente, contar
e “escrever” uma história com base na representação do desenho.”
Desse modo, praticar a elaboração de projetos é um
modo de se garantir a participação dos alunos, uma vez que o projeto parte
sempre de uma problemática surgida no contexto escolar e/ou social.
(Texto adaptado de LIRA, A.C.M.;SAITO,H.T.I)